Duas coisas me despertaram a vontade de escrever hoje. A primeira foi ver que a minha amiga Erika Oikawa fez um blog (que fala de viagens). Segundo, que toda vez que o meu exemplar de assinante da revista Viagem e Turismo chega em casa, eu morro um pouco. E ressuscito logo em seguida pra viver mais uns 100 anos e conhecer todos os lugares fantásticos que ela mostra.
E me veio na cabeça as viagens que já fiz, os lugares que já conheci e as situações pelas quais passei - mas tudo isso da ótica de uma pessoa que viaja sozinha, que gosta de uns luxos (porque acredito que mereço) e que acha que viajar é se tornar um pouco mais parte do mundo.
Minha última viagem já faz mais de um ano e foi para Fortaleza (foi minha terceira vez na cidade). Fugi para lá na tentativa de ter apenas 6 dias férias, depois de cinco anos sem saber o que era isso. E redescobri o que era férias quando estava deitada de frente prum mar absurdamente azul, lindo, tomando sol, com uma cerveja geladinha ao alcance da mão e sem NENHUMA preocupação na cabeça. "Ahhh! Isso é férias!", concluí.
Ser mulher e viajar sozinha...bom, isso sim ainda é um desafio pra mim. Posso parecer segura das minhas atitudes, passar uma imagem de que me "garanto", mas a grande verdade é que por mais independente e corajosa que eu seja, tenho dimensão do que é colocar uma mochila nas costas e seguir mundo à fora. Uma mulher é sempre mais vulnerável do que um homem.
Mas saindo da parte tensa do assunto, viajar sozinho é muito bom. Você arruma tempo pra você mesmo, pros seus próprios pensamentos, desejos, vai pra onde quiser, anda, literalmente, com as próprias pernas. E tudo isso se transforma num grande aprendizado. Não dá pra conhecer nada nem ninguém sem antes conhecer a nós mesmos. E quando partimos para uma viagem sempre voltamos diferentes - ao menos um pouquinho.
Deve ser por isso que me tornei uma pessoa assim, digamos, tão desprendida. De não esperar por ninguém pra fazer nada. E de não querer que ninguém espere por mim para fazer algo (isso me deixa profundamente incomodada).
É interessante observar como nos observam (redundância proposital) quando estamos sozinhos. Lembro muito bem do semblante do garçom da praia da Lagoinha (a mais linda de todas!) ao me ver sentar na mesa mais isolada na areia, pedir o cardápio e logo em seguida dizer: "por favor, traga uma cerveja bem gelada!". Era uma mistura de surpresa e curiosidade que deixou escapar um leve sorriso. Sim, sou egoísta como só um virginiano sabe ser e gosto bastante de me afastar do mundo pra curtir meu próprio eu.
E no fundo estou morrendo de saudade de tudo isso. De um novo lugar, de uma nova praia, de um outro céu, de estar só e de me sentir um pouco mais dona da minha própria vida. Onde ninguém me conhece, nunca me viu e provavelmente não vai voltar a me ver.
Gosto de ser mais uma na multidão, mas com a certeza de que mantenho a mesma essência, de que tenho cada vez mais vontade de ir mais longe. Talvez seja isso que componha o meu conceito de felicidade.